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Mais vida



Meus dias tem se tornado tão comuns, tão iguais e, pra quem me conhece, sabe o quanto isso me surta... E não estou falando de acordar na mesma hora, pegar o mesmo ônibus, metrô e chegar no mesmo emprego, nem dos mesmos assuntos com os amigos ou as mesmas funções executadas dia após dia. Falo sobre a emoção do amanhecer, do sentir-se viva. 

De querer explodir em riso ou se jogar na cama pra chorar. Minha vida tornou-se morna, tão morna que até o "gostar" se estabilizou. 

"6h30 da manhã, estou pronta pra sair de casa ou já reclamando pelo calor absurdo ou pela chuva que mais parece um diluvio digno de arca de Noé. Saio de casa, conecto o fone no celular, escolho a rádio ou a lista de mp3 - quando escolha a lista sempre rolo ela e fecho os olhos ao tocar na tela escolhendo uma música, assim não escute sempre a mesma música logo de cara todo dia. O ônibus passa, e claro, eu não o pego, caminho mais alguns minutos para chegar em outro ponto, nesse caminho passo por uma turma de caras (todos feios e uns dois bem velhos) sempre me desejam bom dia, mas eu nunca escuto pois já coloquei o que estou ouvindo no último volume, só sei (ou acho e prefiro acreditar que é isso) porque vejo seus lábios movimentarem, nesse momento lembro da minha mais recente paixão, não sei qual a ligação essas pessoas tem com ele - certamente nenhuma - mas é justamente nesse momento que ele me vem a cabeça, isso deve durar umas duas musicas pois aí já estou no ponto e preciso me concentrar pra não deixar mais um ônibus passar. Entro no ônibus, as pessoas me olham como se eu fosse um ET, até ai nenhuma novidade... Bem, ai vem metro cheio, gente mal educada, pensamentos terroristas e, finalmente, meu emprego. "Bom dia, bom dia e mais um bom dia" não, não, faltou outro "bom dia". Minha mesa, foto de crianças, logos, jobs, peças, amigos on line, e-mails, planejamento, mais música, almoço, vontade de ir embora, hora de ir embora e minha casa. 

E isso acontece nos 5 dias da semana, sempre, e por mais monótomo que possa parecer não é isso que me incomoda. O que me incomoda é a sensação de vazio que se apossa em meu peito. Eu ainda durmo e acordo pensando na mesma pessoa, tenho momentos de lembranças durante o dia - como a hora que passo pelos caras na minha rua -  Mas não é mais a mesma coisa, não mais me enche os olhos de lágrimas ou alegrias, são apenas pequenas lembranças. 

Eu gosto de me estasiar em sentimentos, de pensar que não suportarei quando ele for ou que irei explodir quando ele chegar. De pensar que se a felicidade tem gosto, o beijo dele que sacia a vontade de sentir esse sabor e que se o calor não me aquece a alma, o abraço dele resolve. Eu sou viciada em intensidade e quando não é isso que me ocorre sinto a vida morna. Não sei me satisfazer com uma pequena brasa no coração, necessito dele em chamas querendo saltar do peito, me tirando o sono nas noites, fazendo-me agir como adolescente, sentir o estômago embrulhar, congelar, revirar e pular dentro de mim só de pensar em alguém. 

Prefiro as lágrimas do desespero por não ter o que acredito amar do que a calmaria que ausência de sentir me traz. Mesmo sabendo que sempre que chega nesse ponto o que eu mais quero é esquecer quem me causa tudo isso, basta eu suspirar me acalmando pra dar-me por satisfeita por sentir. Obvio que não sou um dependente de sofrimentos, mas é melhor sofrer por ter vivido do viver somente de passagem. 

Quis resolver minhas pendências de 2012 e realmente o fiz. Quase não deu tempo e, parando pra analisar, ficou algo pra se resolver, sim, que era justamente essa coisa que me mantinha viva, que fazia dos meus dias diferentes, que me deu alegrias, esperanças e tristezas. Que me inspirou e enfeitou esse blog, foi mágico, intenso, nostálgico e absurdamente encantador. Exatamente como gosto de sentir, e quando doeu pensei que mais uma vez eu não sobreviveria - como varias outras vezes eu pensei e sobrevivi. Mas de repente, antes mesmo de ter que resolver tornou-se pequeno e apesar de toda sua intensidade deixou de ser significante. 

Agora tô aqui com um ano todinho livre, liberta e louca pra encontrar mais uma emoção. 























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